GESTÃO DO CONHECIMENTO E AS ORGANIZAÇÕES DO SÉCULO XXI - Rede Indigo
GESTÃO DO CONHECIMENTO E AS ORGANIZAÇÕES DO SÉCULO XXI

Gestão do Conhecimento

GESTÃO DO CONHECIMENTO E AS ORGANIZAÇÕES DO SÉCULO XXI

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Você já deve ter ouvido o termo Gestão do Conhecimento alguma vez, mas, provavelmente, não entende muito bem o que é e muito menos como ele deve ser colocado em prática. Este artigo tem a intenção de ajudar você a entender o que isso significa de forma prática e objetiva. Agora é o momento ideal para você ter clareza de como você pode ser um agente de transformação organizacional por meio da implantação de práticas colaborativas na sua empresa. Estamos vivendo uma mudança de era e você pode ajudar as organizações a se prepararem para os desafios do século XXI.     

Vamos voltar duas casas (ou duas décadas) para entender o contexto. A revolução digital teve seu ápice no início dos anos 90 com o surgimento da Internet da forma como conhecemos hoje: a World Wide Web ou www. Junto com ela, veio à tona uma profunda transformação da sociedade, que passou a ser amplamente interconectada. As empresas estavam vivenciando naquela época o boom das Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs), que haviam surgido na década de 70. Foi a chegada dos computadores, dos sistemas de informação e da internet no mundo corporativo. Nessa época, os profissionais estavam buscando formas de organizar dados, informações e documentos.

Corta para o início do século XX. Você se lembra do taylorismo e do fordismo que foram sistemas que revolucionaram a indústria com a produção em massa? É só pensar em Charles Chaplin naquelas linhas de montagem no filme “Tempos Modernos”. Lembrou? Essas formas de organização da produção industrial estavam voltadas aos ganhos de produtividade, de escala e maximização do lucro. Foi esse paradigma que a revolução digital quebrou. Não eram mais as máquinas, os processos produtivos e o capital que geravam riqueza, mas – quem diria – os ativos intangíveis, o know-how, o conhecimento.

Volta para os anos 90. Você pode imaginar que a chegada da internet e o boom das empresas pontocom deu um nó na cabeça de muitos gestores, não é mesmo? Ainda bem que foi nessa época que despontaram autores como Ikujiro Nonaka, Hirotaka Takeuchi, Thomas H. Davenport, Laurence Prusak, Peter Drucker, Karl Sveiby e Peter Senge. Eles publicaram nessa década obras que tornaram explícita a necessidade de um olhar diferenciado para a gestão empresarial nesse novo cenário. O fato é que o conhecimento havia se tornado o principal fator gerador de riqueza e o aprendizado organizacional passou a ser tão valorizado quanto a produtividade. E você já deve ter percebido que foi nesse contexto que surgiu a gestão do conhecimento, certo?

O QUE É GESTÃO DO CONHECIMENTO, AFINAL?

Antes que você pergunte, não existe uma definição única  e consensual sobre o conceito. No ebook “O essencial da Gestão do Conhecimento” nós explicamos as definições dos principais autores do tema. O importante mesmo é você compreender que o conhecimento é mais do que um dado ou uma informação, porque passa pela sua mente e se transforma de acordo com suas experiências, modelo mental e saberes anteriores. Cada leitor vai absorver o conteúdo explícito neste texto de uma forma diferente e, claro, cada um vai aplicar esse conhecimento de alguma forma dependendo de sua motivação pessoal. Além do conhecimento individual, existe o conhecimento organizacional, que é muito mais que a soma dos conhecimentos dos colaboradores da empresa.

Na Rede Índigo nós definimos gestão do conhecimento como um rótulo para designar um conjunto de práticas e processos que visam gerar valor para a organização por meio dos seus ativos intangíveis.

Nonaka e Takeuchi explicaram o processo de criação do conhecimento como se fosse uma espiral. Segundo eles o conhecimento tácito (que está na cabeça das pessoas) e o explícito (que está em documentos, processos, esquemas) são complementares. A espiral do conhecimento é gerada por meio de quatro formas de conversão:

  • Socialização (de tácito para tácito)
  • Externalização (de tácito para explícito)
  • Combinação (de explícito para explícito)
  • Internalização (de explícito para tácito)

CRIE – Centro de Referência em Inteligência Empresarial desenvolveu o modelo dos Capitais do Conhecimento: capital ambiental, capital de relacionamento, capital estrutural e capital humano. Ao observarmos as organizações com as lentes desse modelo, podemos encontrar conhecimento:

  • no ambiente de negócios no qual a empresa está inserida e tudo o que está relacionado a legislações do setor, concorrentes, mudanças no perfil do consumidor, tendências;
  • no relacionamento com os diferentes públicos de interesse e nos vínculos de confiança estabelecidos;
  • nos documentos, padrões, sistemas, patentes, processos que tangibilizam o saber;
  • e, claro, em cada uma das pessoas que integram a organização.

O conhecimento está dentro e fora dos muros da empresa e você deve ter percebido que a maior parte é intangível. É essencial entender qual conhecimento é crítico para o negócio, se a organização tem ou não disponível, onde pode ser obtido, o que deve proteger, compartilhar, armazenar… A gestão do conhecimento deve estar alinhada à estratégia do negócio e as práticas e os processos definidos devem apoiar o alcance dessa estratégia. Há quem diga que devemos transformar ao máximo o conhecimento tácito em explícito. Neste vídeo, eu explico porque não acredito que essa seja a melhor abordagem.

Você já entendeu que a gestão do conhecimento veio à tona nos anos 90 e para que ela serve certo? Agora, vamos avançar duas casas e analisar os dias de hoje. Os nativos digitais (ou geração z), que nasceram com acesso à internet, estão chegando ao mercado de trabalho. Essa geração hiperconectada não sabe o que é pesquisar algum assunto numa enciclopédia. Esse exemplo é óbvio e fácil de entender, porque é concreto. Difícil é se lembrar de que o processo cognitivo desses jovens profissionais é diferente, assim como o modelo mental, os interesses, os desejos e os padrões de comportamento.

Eu costumo dizer que essa geração já nasceu com o chip da gestão do conhecimento de fábrica e talvez nem faça sentido para eles usar esse termo.

Seus “irmãos mais velhos”, da polêmica geração y, estão vivendo o boom do empreendedorismo e dos negócios colaborativos em rede. É a geração que não se apega a empresas, mas a projetos. É a geração dos espaços de coworking, das startups, das habilidades multidisciplinares, dos negócios digitais, de uma nova relação dos consumidores com as marcas por meio das redes sociais. É uma geração que está acostumada à superexposição e a todos os seus efeitos positivos e negativos. É a geração que cria seu próprio conceito de sucesso e, muitas vezes, ele está relacionado a propósito.

De um lado, temos negócios tradicionais e suas hierarquias, processos e planos de carreira, liderados por executivos de terno que trabalharam com máquina de escrever. De outro, negócios predominantemente virtuais e suas relações horizontalizadas, projetos e modelos de negócios, liderados por empreendedores de camisas xadrez que brincaram com as máquinas de escrever dos pais. É evidente que esta é uma visão estereotipada,  mas a intenção é demonstrar que no ambiente de negócios existem dois ecossistemas paralelos coexistindo. O que ambos têm em comum é o enorme desafio de se adaptar às transformações que estão chegando junto com a quarta revolução industrial, que você pode entender melhor neste vídeo.

Segundo Alvin Toffler, “o analfabeto do século XXI não será aquele que não consegue ler e escrever, mas aquele que não consegue aprender, desaprender e reaprender”.

As organizações do século XXI também precisam ter práticas de gestão que as ajudem a aprender, desaprender e a reaprender continuamente. Gestão do conhecimento é uma questão de sobrevivência para as empresas do novo mundo. Por isso, não é uma questão de implantar práticas, mas de ter uma visão estratégica que coloca o conhecimento e demais ativos intangíveis no centro da tomada de decisão.

Negócios inovadores como o Uber, por exemplo, já têm a gestão do conhecimento no seu dna e talvez nem faça sentido usar esse termo, porque a gestão dos ativos intangíveis acaba estando incorporada à gestão. No caso de negócios mais tradicionais, existe a necessidade de uma transformação na cultura organizacional, por meio da implantação de práticas que estimulem o compartilhamento, a colaboração, o armazenamento, a proteção, a internalização e a criação de novos conhecimentos de forma estratégica, estruturada e mensurável.   

E O QUE VOCÊ TEM A VER COM ISSO?

Se você chegou até aqui, você tem tudo a ver com isso, porque entendeu que estamos num momento de quebra de paradigmas. Você pode ser um articulador de transformações na cultura da sua organização para ajudá-la a se reinventar continuamente e a estar apta para lidar com os desafios do cenário complexo e dinâmico em que vivemos.

Mesmo que você trabalhe numa organização moderna, que já tem esses conceitos enraizados, você pode se inspirar em práticas de gestão do conhecimento que já funcionam há anos em outras empresas para que você aprimore as suas.    

A gestão do conhecimento – com ou sem este nome – possibilita a formação de um ambiente favorável à criação de novas soluções para as necessidades do século XXI. As organizações mais tradicionais e hierárquicas podem se beneficiar dela com mais flexibilidade e agilidade para resolver problemas e manter a competitividade neste cenário dinâmico. As organizações que já nasceram nesse contexto fluido podem se beneficiar com mais estrutura e planejamento para crescer e manter sua essência inovadora. Tudo depende da estratégia de negócio. Você já faz gestão do conhecimento?

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